sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

OS INIMIGOS DO ESPÍRITO

Por: Alysson Amorim (Retirado do site www.baciadasalmas.com)

A interpretação rígida e literal é a espada com a qual os fundamentalistas profanam as Escrituras, a espada com que matam o Espírito, mantendo intacta a letra, esta carcaça salpicada de pólvora. Neste ponto, metade do demoníaco serviço alcançou êxito; resta agora tomar a letra das Profanadas Escrituras e fazer sangrar todo indício de vida e liberdade, estendendo os domínios do Reino da Lei.

O problema do Espírito é que com ele não se domina; é sopro e não cetro, brisa e não espada, e acima de tudo, é tão absurdamente democrático quanto o sopro e a brisa. Calar o Espírito é garantir a hierarquia que ele impede, é impor a autoridade que ele destrona.

Matem o Espírito, mas poupem a Letra, eis uma ordem frequente nos castelos das autoridades eclesiásticas. Afinal, calar o Espírito é uma forma de impedir a compreensão de que não precisamos mais de sacerdotes, posto que somos os sacerdotes de nós mesmos. Trocando em miúdos, o Espírito delata aos homens a imanência do infinito, pondo em xeque o rei que se propõe mediador.

O Espírito, bem o sabemos, alça seu vôo contingente nos ares da liberdade (II Co 3:17), é ali o seu Reino, ali poderemos ouvir a sua voz e vê-lo acalentar, no ninho do chronos, os ovos que produzem a vida eterna. Naquele lugar mágico poderemos saciar nossa fome do ultraterreno, alimentado-se com os ovos da imortalidade. O melhor da história, todavia, é que o Reino em questão se acha em algum lugar dentro de todos nós. Tenho a impressão que se queremos alcançá-lo, o primeiro e fundamental passo é deixar os domínios do Reino da Lei, construído pela espada dos inimigos do Espírito.

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