sábado, 5 de janeiro de 2008

Será 2008 um "Ano Abençoado"?

Escrito por: Robinson Cavalcanti

Para alguns... Depende...

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebido por meio das coisas criadas” (Rm 1:20).


O Senhor da Eternidade, que criou o tempo apenas por um tempo, para a trajetória da humanidade entre o Jardim do Éden e a Nova Jerusalém, em seu coração perfeito, sempre pretendeu a bênção, a bem-aventurança, a felicidade para toda a sua Criação.

Apesar do Pecado Original que deformou toda a ordem criada em uma imensa desordem entrópica, moral e espiritual, Ele faz nascer o sol e derrama a chuva sobre justos e injustos. Há uma revelação natural nos céus que proclamam e nos corações de todos os seres onde está escrita a Lei. A harmonia com o mundo físico e o bom senso quanto a alimentação, ao trabalho ou aos relacionamentos, são bênçãos disponíveis a todos as pessoas, em todos os anos. Nesse sentido, todos os anos são abençoados!

Ateus, agnósticos, racionalistas, indiferentes, supersticiosos, os “homens naturais”, não reconciliados com o seu Criador, contudo, têm dificuldade em captar o sentido das bênçãos emanadas do Céu. Mas, aqueles que o apóstolo Paulo denomina de “carnais”, pessoas reconciliadas com a Graça que nunca crescem na obediência e no caminho da santidade, passam a vida indiferentes aos projetos de Deus, seguindo os valores do século e as inclinações e prioridades estabelecidas pela Carne (natureza caída), para si e para os seus. As Igrejas estão cheias de cristãos indiferentes à vontade de Deus para suas vidas, empurrando os seus filhos para o “sucesso” segundo o século.

O Senhor concede talentos, dons naturais, dons espirituais e vocações. Desde a vocação geral para a Graça à vocação para um pré-destino específico para cada pessoa. Ninguém será, de fato, abençoado, bem-aventurado, feliz, em 2008 ou em qualquer outro ano, se continuar buscando os seus próprios caminhos, nunca adequando a sua vida ao projeto de Deus, nunca fundindo o seu destino com o pré-destino estabelecido desde a eternidade.

A culpa nem sempre é do próprio indivíduo. A (des)ordem internacional com seus milhares de desalojados e refugiados, as guerras civis, os regimes políticos opressores e corruptos, os sistemas econômicos concentradores e excludentes são forças maléficas poderosíssimas, responsáveis pela infelicidade humana.

Quem precisa apenas sobreviver, ter o pão de cada dia, não tem condições de vôos maiores no Reino, apesar da propaganda enganosa de Igrejas neo/pós/iso/pseudo-pentecostais e as suas promessas de prosperidade em troca do dinheiro escasso que se deve doar ao gazofilácio, que, de certo, garante as bênçãos para os seus pastores.

A própria Igreja, quando mutila ou distorce a totalidade da mensagem do Reino de Deus, para os corações das pessoas e para dentro da História, caudatária do hedonismo, do “sucesso”, do materialismo prático, de uma missão escassa em serviço e ausente em profetismo, “capitaliza” a mente dos fiéis; em vez de salgar e iluminar o Capitalismo, torna-se servil ao colonialismo cultural do Império; em vez de ser uma voz para os sem voz e sem vez em nossos sofridos continentes periféricos. O isolamento das comunidades à censura, à diversidade de fontes que levam ao pensar, a ausência do ensino do pré-destino, é demasiado responsável pela infelicidade de muitos, em todos os anos.

Àqueles que Paulo chama de “espirituais”, que, pelo discernimento do Espírito Santo procuram adequar os seus projetos pessoais com o projeto existencial para o qual o Senhor o pré-destinou nesta vida, apesar dos obstáculos, dos riscos de martírio será mais fácil (e sincero) dizer: “Feliz 2008!”, pois, meus amados e amadas no Senhor, a teimosia da fé no Criador do Tempo, nos permite insistir, diante da Crise da Civilização, do País e da Igreja.

Um abençoado ano de 2008! Bom pré-destino para todos!

Do seu bispo e amigo,

+Dom Robinson Cavalcanti, bispo diocesano.

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